“A FESTA” E AS OUTRAS FESTAS NA “SERRA D’ARGA”

Como coroa destas festas de verão, surge a romaria de S. João d’ Arga, nos dias 28 e 29 de agosto
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É na lendária “montanha santa”, como se chamou ao longo dos séculos à “serra d’ Arga”, que se ergue o mosteiro de s. João de Arga, edificado, segundo a tradição, no século VII. Fica no coração desta serra que alberga (no espaço pertencente ao concelho de Caminha) três paróquias: Arga de S. João, Arga de Baixo e Arga de Cima. 

O Lugar de Castanheira, em Arga de Baixo, teve a festa na sua capela da Senhora da Rocha no penúltimo domingo de julho. Os de Santo Aginha (como chama o povo às pessoas de Arga de S. João) tiveram a festa da Senhora do Rosário no último domingo de julho, na igreja paroquial de S. João de Arga. Também na igreja paroquial, mas de Santa Maria de Arga de Baixo, houve a festa da Padroeira, Nossa Senhora da Assunção, a 15 de agosto. No domingo a seguir, o povo de Arga de Cima reúne-se para festejar Nossa Senhora do Rosário.

Estas festas têm todas elas em comum a dinâmica e o local. Quanto ao horário, o domingo é passado assim: depois de vestirem a roupa de ver a Deus (os trajes das senhoras e das moças são nobilíssimos), as pessoas dirigem-se para a igreja, pois às 10:30 é a santa missa, na qual é proferido o sermão. Terminada a eucaristia, é feita a procissão, de modo solene, com os andores, estandartes e o santo lenho. Após a celebração no templo, o povo reúne-se nas casas em torno de um lauto banquete, preparado com esmero pelas excelentes cozinheiras que na serra habitam. São convidados para a festa os amigos e família que tantas vezes está longe e regressa à terra no mês de agosto. Se no frio do Natal está a família mais chegada, a casa neste dia de festa abre-se para que todos entrem e partilhem a mesa: começam pelas entradas, onde não falta o chouriço, bolinhos de bacalhau e rissóis: tudo feito em casa. Segue-se a canja feita com as galinhas criadas por lá. Também caseiras são as hortaliças e as carnes do cozido à portuguesa que é depois servido. A conversa vai acompanhando o vinho que embeleza as canecas que estão sobre a mesa para regar em seguida o cabrito cozinhado à moda da serra d’arga. O sarapatel é, por fim, degustado. Terminados os pratos quentes, o ambiente pergunta pelo arroz doce, uma especialidade local. Há também pudim e leite creme. Sim, também há bagaço e xiripiti para acompanhar o café.

Todo este momento é um ritual de fraternidade, amizade e família que se vive nas casas onde reina a alegria. Após este momento de confraternização, as pessoas reúnem-se junto da igreja para o festival folclórico, preparado pelo “grupo de danças e cantares genuínos da serra d’ arga”, que reúne pessoas das três freguesias serranas. Durante o tempo de folclore, a alma alarga-se, pois é altura de convívio entre todos e todas as famílias.

Como coroa destas festas de verão, surge a romaria de S. João d’ Arga, nos dias 28 e 29 de agosto. Aqui a dinâmica é diferente, pois implica sair de casa e dirigir-se ao mosteiro como peregrino, fazendo caminho e deixando o “ambiente caseiro”, em ambos os dias.

Nos domingos do mês de agosto (e também no primeiro domingo de setembro), às 16 horas há a celebração da eucaristia no mosteiro dedicado ao Percursor do Messias. Cada domingo tem um tema joanino, tentando o santuário dar aos peregrinos um itinerário a percorrer. 

Desde a Páscoa que há atividades constantes neste mosteiro, aos domingos, mas no mês de agosto intensificam-se por causa do grande número de peregrinos e visitantes que ali acorrem!