“Centro de Exposições Transfronteiriço” traz ao concelho investimento imediato de mais de oito milhões de euros

O Executivo aprovou a 21 de setembro, por maioria, a minuta de contrato de promessa de arrendamento, que agora será submetida à Assembleia Municipal, e que viabiliza um investimento no concelho de mais de oito milhões de euros. Em causa está a construção e criação de um Centro de Exposições Transfronteiriço, em Vilarelho, um equipamento que dotará o concelho de uma infraestrutura que não tem paralelo nos concelhos vizinhos portugueses ou espanhóis e que permitirá dinamizar a economia de Caminha durante todo o ano, assumindo-se como uma ferramenta decisiva para o combate à sazonalidade e para a atração de grandes eventos nacionais e internacionais.

Este investimento, inteiramente privado, passa pela aquisição de um imóvel, a Quinta do Corgo, com mais de 36 mil metros quadrados, localizada na freguesia de Vilarelho. O investidor explicou ontem na reunião, alguns pormenores do projeto e as razões que levaram à escolha do concelho. Para Ricardo Moutinho, representante da Green Endogenous, o território de Caminha possui um enorme potencial, pela sua ligação transfronteiriça, o que se enquadra na estratégia do próprio grupo, com larguíssima experiência a nível nacional e internacional.
O CEO explicou que os investimentos que realizam visam sempre infraestruturas estratégicas, que geram cash flow permanente. As caraterísticas do concelho e os estudos realizados levaram o grupo a acreditar que este será um investimento capaz de funcionar como âncora de desenvolvimento do território, ou seja, gerador de riqueza mesmo para além do concelho, uma vez que os equipamentos que serão construídos não têm paralelo no Alto Minho. “É um projeto preparado para ser rentável, mesmo no pior cenário”. O Centro de Exposições Transfronteiriço – sublinhou – poderá receber feiras internacionais, eventos desportivos, concertos, etc. – “é um projeto orientado para o mercado”, concluiu.

A decisão de investir no concelho consolidou-se após meses de negociações, já que o investidor quis saber se a Câmara estava interessada em dinamizar os equipamentos e a própria Câmara apresentou algumas condições que gostaria de ver incluídas, caso por exemplo do parque urbano, o que resultou no contrato de promessa de arrendamento, pelo valor de 25 mil euros mensais e por 25 anos, que foi aprovado com os votos da maioria PS e os votos contra dos representantes do PSD no Executivo.
Sendo um contrato de promessa, ele só será efetivo, ou seja, só começará a funcionar, quando o Centro de Exposições Transfronteiriço estiver construído e na posse de todas as licenças legais, o que estima que possa demorar cerca de dois anos. Até lá, o investidor terá de adquirir a Quinta do Corgo, processo em fase de desenvolvimento, fazer o projeto, construir e ultrapassar todas as fases até à conclusão e licenciamento da obra. Até lá, o investidor terá de pagar os impostos e taxas associados ao empreendimento, como qualquer outra pessoa ou entidade, o que desde já se vai traduzir em receita para os cofres do Município.

Com a assunção do compromisso de aluguer do CET e findo todo o processo, o concelho de Caminha vai receber no seu território, mais especificamente na freguesia de Caminha (Matriz) e Vilarelho, um investimento privado superior a 8 milhões de euros. O Centro de Exposições Transfronteiriço prevê a construção de uma nave para albergar concertos, exposições, feiras nacionais e internacionais e todo o tipo de eventos, tendo capacidade para 5500 lugares sentados e 8000 visitantes de pé. Ao mesmo tempo, o espaço terá todas as infraestruturas viárias consideradas necessárias, especialmente o estacionamento de viaturas. Concomitantemente, por solicitação da autarquia, será construído um parque urbano com uma área mínima de 2000 m2 que será de acesso livre ao público e estará preparado com equipamentos para a prática de desporto e lazer, muito direcionado para as famílias e para as crianças.
A busca de parceiros e a atração de investimentos é um dos objetivos do Município e este caso enquadra-se perfeitamente na estratégia daquela que é uma das alavancas fundamentais da economia do concelho de Caminha, o Turismo. Permitirá, como frisou o presidente da Câmara, combater a sazonalidade, uma vez que existe um grande desfasamento entre o número de turistas que procuram o território no verão e durante os restantes meses do ano. “É preciso criar condições para atrair mais gente”, defendeu Miguel Alves, recordando o sucesso do setor, que os números oficiais comprovam.
O Turismo tendo vindo a criar emprego e a fomentar o desenvolvimento do território, principalmente nos últimos anos. “De facto, desde 2013 até 2019, o número de hóspedes e dormidas praticamente duplicou e o número de proveitos cresceu cerca de 120%, de acordo com os números do Instituto Nacional de Estatística. Neste tempo, o número de desempregados no concelho de Caminha baixou a níveis históricos e negócios ligados à restauração, animação cultural e hotelaria, com particular enfoque no alojamento local, cresceram para valores nunca alcançados”.
“O ano de 2020 ficou, no entanto, marcado pela travagem da economia mundial, nacional e também local, devido à ocorrência da pandemia por COVID-19. O desemprego aumentou, a rentabilidade das empresas diminuiu drasticamente e os próximos tempos não se afiguram fáceis. Perante uma situação de particular complexidade, cabe ao Município encontrar soluções para dinamizar a economia e encontrar pontos de ancoragem para um crescimento do número de postos de trabalho e do número de empresas. Sendo o Turismo a indústria principal do concelho de Caminha, e sendo este sector, no país e no mundo, muito condicionado pela sazonalidade provocada pelas condições climatéricas e pela dinâmica de férias associada às escolas e ao trabalho, o desafio de um território atrativo passa por criar condições que permitam que os visitantes diluam a diferença existente entre o número de visitantes nos meses do verão e em épocas como o Natal, o Carnaval e a Páscoa e os outros momentos do ano”.