Comunicado do Bloco de Esquerda de Caminha
O Bloco de Esquerda do Concelho de Caminha tem o gosto de comunicar que o Governo retrocedeu na intenção da exploração de lítio na Serra de Arga e no Concelho de Caminha.
Alegando “restrições ambientais” que “inibem a prospeção e consequente exploração”, toda a área da Serra de Arga, bem como todas as freguesias limítrofes do concelho de Caminha, ficam livres das intenções de prospeção e, bem assim, de uma futura exploração; na certeza da conclusão dos processos de classificação e proteção em curso que urge consumar para prevenir eventuais novas futuras tentações.
A alegação das restrições ambientais prendem-se, diz o Governo, com a “expectável classificação como Área Protegida de mais de metade da superfície considerada” e diz isto com o desplante de quem parece que só descobriu esse fator agora mesmo.
A tal expectativa não surgiu agora, já existia antes, mas foi propositadamente ignorada.
Note-se bem que esta inflexão surge após a apresentação daquele Relatório de Avaliação Ambiental Preliminar do Programa de Prospeção e Pesquisa de Lítio, onde nenhuma expectativa foi ponderada, mas surge também – e principalmente – após a forte e firme reação da população altominhota e, claro, dos caminhenses.
Após uma participação cidadã avassaladora, não só na plataforma governamental, mas também nas ruas, nas manifestações, no abaixo-assinado subscrito por milhares de cidadãos, na afixação de faixas e cartazes, em vários locais públicos e até nas próprias habitações de cada um, a par de tantas outras iniciativas; vir agora dizer-se que é expectável uma futura classificação como área protegida, embora seja verdade, não passa, também, de uma mentira e de uma mentira tão grande quanto a grandeza da participação cidadã.
A vontade do Povo foi claramente expressa: compete aos governos governarem para o Povo e não contra o Povo. Nesse sentido, vimos como as autarquias – e bem – acabaram colando-se às iniciativas populares.
O Bloco de Esquerda do Concelho de Caminha participou em todas as manifestações, em todos os atos, deu voz ao Povo e ampliou essa mesma voz que acabou por se fazer ouvir.
Recordamos a açãoi do Deputado Municipal eleito pelo Bloco de Esquerda que logo na primeira sessão de tomada de posse desfraldou a faixa relativa à campanha “Serra de Arga Lítio Não”.
O Parecer que apresentamos em dezembro passado sintetizou a vontade dos caminhenses e expressou-a de forma clara e bem audível.
O eufemismo encontrado pelo Governo para dizer que é “expectável” que a área venha um dia a ser considerada como área protegida, disfarça mal a oposição que muito bem foi levada a cabo pelos caminhenses.
De todos modos, independentemente do disfarce ou da envoltura que o Governo pretenda dar ao seu retrocesso, os caminhenses percebem perfeitamente que a sua firmeza determinou esta posição de alegada “expectativa”, que, afinal, não passa de uma expectativa de confronto total que tornou inviável o prosseguimento da intenção que, até então, era apresentada como tão óbvia e tão futurista, chegando mesmo o primeiro-ministro a apontar tal destino como um modelo de desenvolvimento que devia, irrevogavelmente, ser seguido.
A mobilização popular deu resultados e mesmo com maiorias, relativas ou absolutas, os caminhenses souberam mobilizar-se e defender a sua terra e a sua vida; passada, presente e futura, mas, acima de tudo, souberam ser racionais, decidindo por si próprios, e não embarcaram na política das maiorias governativas, o que é um excelente indício de inteligência e de certeza num futuro promissor.
Por fim, o Bloco de Esquerda quer expressar a sua total solidariedade para com todos os cidadãos das restantes 6 zonas que o Governo decidiu que serão afetadas pela prospeção e exploração mineira, comprometendo-se o Bloco de Esquerda a continuar junto dessas populações a luta que, ali, ainda não surtiu o mesmo efeito que aqui já conseguimos.
Caminha, 02-02-2022,
Pelo Bloco de Esquerda do Concelho de Caminha,