Em clima peculiar, paróquia de São Miguel de Azevedo festejou 399 e pensa nos 400 anos
A paróquia de Azevedo estende-se pelas vertentes dos montes que a envolvem: Monte de Santo Antão, Monte da Chã Vermelha, Monte do Vieiro, e Monte da Senhora da Serra ou das Neves. Azevedo, por isso, desfruta de uma natureza pródiga em vegetação típica do Alto Minho, donde se destacam os carvalhos, sobreiros, amieiros, austrálias, e tantas outras. Tem uma área de aproximadamente 558 ha.
Como freguesias vizinhas a estão: a Norte Venade, a Sul Vile e Riba de Âncora, a Nascente Dem e Gondar, e a Poente a freguesia de Moledo, todas elas, aqui referidas, pertencentes, igualmente, ao concelho de Caminha.
Como lugares principais destacam-se: Matos, Regueiro, Barracas, Vilas, Rua da Ínsua, Devesa, Paço, Cruzeiro, Valindra, Lagos, Mourão, Souto, Cotos, Vale, Prado; Aguieira, Bouça Velha, Aldeia, e Mana.
Os 158 habitantes, segundo os censos de 2011 estão divididos em 53 famílias. É esta a Paróquia que ontem, dia 3 de abril festejou 399 anos. Estava planeado começar nesse dia um ano especial de preparação para o jubileu dos 400 anos da criação da Paróquia e da sagração da Igreja Paroquial de S. Miguel de Azevedo. Não havendo uma comemoração pública, foi celebrada privadamente a santa missa, presidida pelo Pároco. A partir desta primeira sexta-feira de abril haverá um ano especial vivido na Paróquia de Azevedo, no Arciprestado de Caminha.
Igreja Paroquial de são miguel de azevedo dedicada há 399 anos.
Por recenseamento, mandado pelo nosso Rei D. Manuel I, a freguesia de S. Pedro de Varais, constituída pelas actuais Azevedo e Vile, apresentava 17 nomes de chefes de família, entre eles um certo Martim Annes de Azevedo, que supomos ser general.
Terá sido cerca do ano 1513, que Martim Annes de Azevedo mandou edificar a ermida de S. Tomé, para comodidade dos moradores de Azevedo, que ficavam distantes do Mosteiro de S. Pedro de Varais, então Igreja matriz das povoações hoje chamadas Azevedo e Vile.
Em 3 de Abril de 1621, o arcebispo de Braga D. Afonso Furtado de Mendonça sagrou a ermida de S. Tomé, transformando-a em Igreja Matriz da nova freguesia de Azevedo. Esta Comunidade é Paróquia há já 398 anos e tem desde esse dia a sua Igreja dedicada ao Arcanjo S. Miguel.
A capela de S. Tomé, que em 1621 passou a ser Igreja Matriz da nova freguesia de Azevedo, teve depois muitas reformas: num requerimento feito em 1757 para obter do arcebispo de Braga licença para conservar o Santíssimo Sacramento na mesma, se diz: “A Igreja acha-se com suficiente capacidade, feita de novo e há pouco tempo”. Não se menciona a data da reforma, mas julgo que seria feita em 1742, porque neste ano foi construída a sacristia da Irmandade das Almas, sendo crível que o fosse juntamente com a reforma da Igreja. Apesar disso ainda ficou muito pequena, baixa, sem coro, sem púlpito e sem as frestas competentes; mas como a fé não esfriasse, em 1756 foi-lhe colocado o púlpito, em 1758 forraram-lhe a capela-mor com madeira de castanho.
Sendo Pároco o Padre Bernardo Lourenço de Azevedo, esta Igreja passou e ter a permanente presença do Santíssimo Sacramento no sacrário do altar de Nossa Senhora do Rosário, no 1º dia de Janeiro de 1759.
Em 1866 alguns artistas, auxiliados pelo povo, levantaram as paredes do corpo da Igreja cerca de um metro, meteram novas frestas, fizeram o coro, levantaram a porta principal e, como remate desta obra, Domingos José Afonso, do Guardal, e João José do Paço Júnior fizeram-lhe a cruz que lhe encima o frontispício.
Alguns anos depois, o ilustre patriota Padre Sebastião José de Azevedo, proprietário da casa do Paço, mandou fazer à sua custa os altares laterais que ficam junto do arco da Igreja, em substituição dos velhos.
A construção do cemitério, em 1880, deu motivo ao alargamento do adro cerca de um metro e meio para o sul e mais de sete metros para poente, onde estava a casa da fábrica que foi demolida, sendo somente em 1894 construído um salão por cima da sacristia das Almas para suprir a sua falta.
Em 1897 comprou-se uma vara de prata e uma caldeira de água benta, também de prata.
Em 1900 um grupo de artistas fez o portão que ficava a poente do adro com o respectivo escadório; logo o referido Padre Sebastião José de Azevedo ofertou o portão de ferro que importou 14$00 depois mandou endireitar o muro do seu quintal, pelo que o adro foi mais ampliado para o norte. Nessa mesma ocasião também o Padre Francisco Emílio Ribeiro mandou construir à sua custa o muro que fica ao sul do mesmo adro.
Em 1906 foi reformado o madeiramento do corpo da Igreja, que então levou linhas e pendulares de ferro; altearam-se as paredes da sacristia das Almas para dar mais altura ao salão, e fez-se-lhe novo madeiramento, colocando na parede média um cano de louça para esgotar as águas da chuva; depois tanto a Igreja e a capela-mor, como as sacristias foram cobertas como telha de marselha, e por fim o corpo da Igreja foi forrado com madeira de cerne de pinho. Todo este trabalho importou a soma total de 182$96, custando as linhas de ferro, pregos, outros aviamentos e suas conduções 62$60, e a mão de obra de pedreiro, carpinteiro e caiador 52$91.
Em 1911 foi ampliada a sacristia paroquial, melhoramento que se impunha pela pequenez da mesma.
Tem esta freguesia dois sinos, sendo o mais pequeno fundido em Braga no ano 1813 e, com o seu transporte, custou 44$56. Cerca de 70 anos mais tarde foi comprado o maior, também em Braga.