O Dia Internacional da Família – 15 de maio

A pandemia COVID-19 coloca em foco a importância de investir em políticas que potencializem o desenvolvimento das famílias
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Em 1993, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou o dia 15 de maio como Dia Internacional da Família. Desde então comemora-se este dia, de forma a chamar a atenção para questões que influenciam o dia a dia da Família, e para que se reconheça o papel nuclear da família na sociedade e se incentive a adoção de medidas no sentido de melhorar a sua condição.

Dada a situação atual de pandemia por COVID-19, o isolamento e o distanciamento social são medidas de afastamento social essenciais e pretendem proteger a população, quebrando a cadeia de transmissão do vírus entre pessoas, contudo o confinamento em tempos de pandemia colocou novos desafios ás famílias.

As famílias suportam as implicações da crise, tentando reestruturar o seu funcionamento de forma a protegerem os seus membros e manterem respostas adequadas às suas necessidades.

A pandemia COVID-19 coloca em foco a importância de investir em políticas que potencializem o desenvolvimento das famílias.  Por sua vez, remete para a oportunidade de repensar, consolidar e transformar as práticas de cuidados de enfermagem às famílias, enquanto unidade, visando a promoção das forças e recursos do sistema familiar face às especificidades das transições, que ocorrem ao longo do ciclo vital familiar.

Neste momento crítico é importante fortalecer os laços em família e gerir momentos de tensão e conflito. As crianças e jovens são vulneráveis às pressões do meio e da própria situação de isolamento. A sua estabilidade, confiança e segurança são afetadas pelo ambiente que as rodeia, onde os laços afetivos, a gestão de exposição a riscos, a comunicação adaptada ao seu desenvolvimento e a prestação de cuidados são fatores de proteção cruciais.

Assim, pais, mães e cuidadores/as devem estar atentas/os e adotar estilos de relação que minimizem o impacto da situação nas crianças e jovens.

Segundo o Manual para famílias da DGS sobre como lidar com o isolamento em contexto familiar:

Para as famílias que estão em isolamento, é fundamental a organização de uma rotina diária que responda às necessidades de todos/as e que equilibrem momentos de trabalho e de lazer, de interação e autonomia.

No entanto, podem gerar igualmente momentos de tensão e de conflito.

Nesta fase em especial, devemos estar atentos/as para a adequada gestão destas situações, demonstrando sensibilidade para com o estado emocional do outro.

Famílias saudáveis respeitam as decisões e o espaço individual de cada um, conversam entre si e desfrutam de momentos de partilha.

LIDAR COM EMOÇÕES

Situações novas e inesperadas, naturalmente podem desencadear grande angústia. Ajude as crianças a encontrar maneiras positivas de expressar sentimentos, como medo e tristeza.

Cada criança tem a sua forma de expressar emoções pelo que é importante respeitar. Às vezes, participar numa atividade criativa, como brincar e desenhar, pode facilitar esse processo. As crianças sentem-se confortadas se puderem comunicar os seus sentimentos num ambiente seguro e solidário.

LIDAR COM O STRESS COVID-19

Em tempos de stress e crise, é comum que as crianças procurem mais atenção ou demonstrem maior dependência dos pais, mães ou pessoas cuidadoras. Converse acerca da COVID-19 com as crianças de forma clara e adequada à idade. Se manifestarem preocupação, falar sobre o assunto pode diminuir a sua ansiedade. Esteja atento/a ao seu comportamento e reações emocionais especialmente neste período.

LIDAR COM A SEPARAÇÃO

As crianças devem ficar próximas dos seus pais, mães, cuidadores/ as, sempre que tal for seguro, evitando ao máximo períodos de separação.

Se uma criança precisar de ser separada dos seus pais, mães, cuidadores/as, assegure-se de que sejam oferecidos cuidados alternativos apropriados e um acompanhamento continuado por uma pessoa de confiança.

Durante os períodos de separação, deve ser mantido contato regular, como telefonemas ou videochamadas agendadas ou outra comunicação apropriada à idade.

LIDAR COM A ANSIEDADE NOS JOVENS

As relações de cumplicidade e de intimidade entre pares são uma conquista fundamental do desenvolvimento no sentido da autonomia. Apesar do isolamento, garanta que o seu filho/a consegue manter contacto à distância com os amigos/ as.

O aumento da ansiedade em situações de crise é uma resposta comum, também nos/as adolescentes. Converse com o/a jovem acerca da COVID-19 de forma clara e verdadeira.

LIDAR COM REGRAS E LIMITES

É importante discutir e definir em conjunto as regras a seguir nesta fase de isolamento. Estabeleça limites claros e consistentes, com bom senso, assegurando o seu cumprimento.

Dica 1 – Reduza o seu nível de stress, guarde um tempo só para si

Dica 2 – Dedique momentos de atenção exclusiva para cada criança/jovem

Dica 3 – Ouça-os/as e valide os seus sentimentos

Dica 4 – Seja compreensivo/a

Dica 5 – Reforce os bons comportamentos

Dica 6 – Emita ordens pela positiva

Dica 7 – Observe, converse e explique

Dica 8 – Exija que cumpra regras e seja consistente

Dica 9 – Seja firme em vez de zangado/a

Dica 10 – Controle a sua impulsividade

Dica 11 – Não confunda disciplina com castigo

Dica 12 – Evite gritos ou violência física

Dica 13 – Deixe a criança/jovem aprender com as consequências

Dica 14 – Coordene a definição dos mesmos limites entre os pais/mães/pessoas cuidadoras

Pratique, ninguém nasce ensinado/a. Se errou, peça desculpa.

Em tempos difíceis escute e valide os sentimentos das crianças e jovens. Seja compreensivo/a

LIDAR COM A SEGURANÇA ONLINE

Durante esta fase de isolamento em que recorremos mais às tecnologias, deixamos também algumas Cyberdicas de segurança:

  • Respeitar os outros
  • Não partilhar informação pessoal ou fotos e vídeos íntimos
  • Manter em segredo as passwords
  • Cuidado ao falar com pessoas desconhecidas, podem não ser quem dizem que são
  • Denunciar situações de violência online
  • Em caso de dúvidas sobre segurança online, pergunte a alguém de confiança.

No entanto, é importante que os pais/cuidadores:

  • Guardem algum tempo para si;
  • Organizem o seu tempo de forma a que as entregas aos idosos sejam pelo menos uma vez por semana;
  • Transformem o tempo com os filhos em eventuais tempos de exercício conjunto;
  • Guardem tempo para ver um filme, meditar 5 -10 minutos por dia ou ler um livro;
  • Procure dentro de si o seu tempo;
  • Não vejam demasiadas notícias, apenas as suficientes para estar informado. Relaxe e tenha calma;

Ter medo é normal, procure ajuda dos amigos e da família e converse. Mesmo à distância podemos estar juntos.

As mudanças abruptas que o novo coronavírus trouxe às famílias portuguesas estão a ser particularmente sentidas pelos mais velhos, que, enquanto grupo de risco, se viram afastados do contacto físico de filhos e netos.

O cuidado para com um idoso sozinho, mesmo que não seja nosso familiar é muito importante. A prioridade é ajudar a que se organizem e ensiná-los a pensar de forma diferente.

Pedir ajuda é bom e é natural.

A FAMÍLIA QUE POSSUI UM IDOSO DEVE:

  • Verificar a medicação

Como cuidador ajude a verificar os medicamentos que tomam diariamente, a registar as caixas que têm de reserva para saber quando irão precisar de mais.

Lembre-se que as receitas podem ser pedidas através de consulta telefónica ou por mail.

E quando puder vá à farmácia e deixe a reserva organizada.

  • Ensine e reforce frequentemente a necessidade de isolamento social, explique que o vírus permanece ativo vários dias nas superfícies, que existe no ar em espaços mais confinados.
  • Aconselhe a evitar locais com muitas pessoas e mantendo a distancia e o uso mascara.
  • Reforce a necessidade de lavar as mãos. Mesmo estando em casa devem lavar as mãos, peçam aos vossos filhos para fazerem vídeos para os mais velhos, é uma maneira de dar afeto e de manterem a ligação.
  • Explique a etiqueta respiratória, envie fotos dos netos a tossirem para a face interna do braço, a assoarem-se e deitarem fora o papel. São as medidas mais didáticas. Educam os avós e os filhos de forma recreativa e reforçam laços afetivos.
  • Reforce o afeto, ligue diariamente. Pergunte como estão, se possível crie grupos familiares, lance desafios, tarefas semanais que possam partilhar. Partilhe de um poema, um desenho, uma música, são coisas que nos unem e ajudam os mais velhos a sentirem-se incluídos.

É neste sentido, que o enfermeiro de família pode facilitar o processo de transição da família, através da sua capacitação, atingindo um padrão de desenvolvimento familiar eficaz. Os cuidados de enfermagem à família centram-se na interação entre enfermeiro e família, o que implica o estabelecimento de um processo interpessoal, significativo e terapêutico. Os cuidados de enfermagem têm por finalidade a capacitação da família a partir da maximização do seu potencial de saúde, ajudando todos os seus elementos a serem proativos no tratamento e manutenção da sua saúde.

Sandra Fernandes
Enfermeira Especialista em Enfermagem Comunitária na Área de Enfermagem de Saúde Familiar.
USF Vale do Âncora