A necessidade de formação cívico-democrática, parece que cada vez se afigura mais necessária, inclusivamente, para todos os campeonatos políticos na disputa pelo poder, porque em Democracia há sempre alternativas e, quem venceu o campeonato numa determinada “Liga”, pode, no ciclo seguinte vir a perde-lo, até porque nas próprias ditaduras, as mais ferozes e duradouras, que se queiram imaginar, o ditador e o poder sempre acabam por ser derrubados, entregues, e/ou conquistados, democraticamente, por intervenientes verdadeiramente imbuídos de valores humanistas.
Em democracia devem funcionar sempre valores cívicos: que são um conjunto de caraterísticas, comportamentos necessários, para que exista uma cidadania responsável; para que as pessoas participem realmente na comunidade em que vivem. Estes valores baseiam-se no princípio segundo o qual: para que haja um entendimento entre todos os cidadãos, é muito importante que estes respeitem os direitos e o bem-estar de todas as pessoas e, simultaneamente exijam delas o cumprimento dos respetivos deveres.
Estes valores da cidadania democrática, constituem uma excelente carta de orientação, para quem deseja dar algum contributo à sociedade. Valores como: Transparência, Pluralismo, Civilidade, Tolerância, Compromisso, Legalidade Solidariedade, Fraternidade, Igualdade, Participação, são, portanto, essenciais para o bem-comum, e são incompatíveis com “valores” e “sentimentos” de autoritarismo, de vexames, de revanchismo e de todo e qualquer comportamento de intromissão na vida privada das pessoas, de ações do tipo: “caça-às-bruxas”.
O importante, e é para isso que os cidadãos, generosa e voluntariamente se oferecem, é resolver situações que afetam e dificultam a vida das pessoas, é para lhes proporcionar uma melhor qualidade de vida, com dignidade, não para criar mais problemas, mais conflitos, mais retaliações.
Durante estes campeonatos, os jogadores, verdadeiramente profissionais, aqui no sentido de fazer as coisas em feitas, cumpridores de regras e valores cívicos da democracia e do Estado de Direito, respeitadores das qualidades e dignidade dos seus adversários e executores de um jogo limpo, objetivamente, integrados num estado societário onde o civismo, o altruísmo e o humanismo são os grandes pilares, devem desenvolver sempre as suas intervenções com caráter e honradez, revelando assim a grandeza das virtudes próprias das pessoas inequivocamente humanas e bem formadas.
Depois do campeonato político-partidário, os vencedores têm responsabilidades acrescidas: por um lado, cumprirem, integralmente, com as promessas que fizeram, ao longo das diversas “jornadas”, porque só assim se credibilizam e enaltecem a política do voluntariado ao serviço do povo; por outro lado, devem respeito e atenção para com os vencidos, dos quais sempre virão a precisar, para executarem um programa que prometeram cumprir, para ouvir as suas críticas construtivas, opiniões, sugestões.
O respeito pelos adversários vencidos patenteia, certamente, as superiores qualidades e valores dos vencedores, como sejam: tolerância, compreensão, generosidade, solidariedade, enfim, revelam toda a sua magnanimidade.
De igual forma os vencidos também devem assumir com: dignidade e respeito a situação decorrente da derrota, disponibilizarem-se para colaborar nos projetos que beneficiam o coletivo e o bem-comum, observando, contudo, os seus próprios ideais, independentemente de serem, ou não, da sua autoria, porém, desde que não colidam com os seus princípios, valores, sentimentos e dignidade, porque é bem conhecido o grande lema destes jogos: “servir o povo”.
Assim, a melhor estratégia e método mais eficaz são os projetos comuns, que beneficiam as populações, através de decisões consensuais justas, que privilegiam o bom-senso, para se alcançarem os objetivos que se relacionam com os superiores interesses do povo, nunca para satisfação de egos pessoais e exibição de vaidades mesquinhas.
É evidente que os procedimentos referidos para vencedores e vencidos, muito dificilmente serão compagináveis com comportamentos anteriores que estejam relacionados com ataques pessoais, difamações, ofensas à honra e bom nome das pessoas, com faltas de respeito, com ausência de solidariedade, lealdade, com atitudes de manifesta desconsideração, com ostensiva rejeição de pessoas e das ideias, justas, legais e legítimas que estas defendem.
Quando durante o relacionamento interpessoal, uma das partes revela e realiza atos incompatíveis com os valores, sentimentos e emoções caraterísticos das pessoas de bem, de boa educação e formação, então o melhor será prosseguir o caminho, o rumo, sem o desejável apoio dos restantes adversários.
Aqui estabelece-se o princípio, segundo o qual: “Quem não se sente não é filho de boa gente”, então a nossa dignidade, os nossos princípios, valores, sentimentos e emoções, têm que ser defendidos, salvaguardados, consolidados, a todo o custo, porque eles são partes integrantes da nossa dignidade enquanto pessoas verdadeiramente humanas.