Síndrome das pernas inquietas

0
699

Esta doença, quando diagnosticada e devidamente tratada, pode melhorar significativamente a vida pessoal do doente e de quem dorme com ele.

O sintoma principal do Síndrome das Pernas Inquietas é uma necessidade exagerada de mover as pernas que começa a aparecer mais para o fim do dia, quando a pessoa está mais parada, ou quando o doente se vai deitar. Associa-se a uma sensação de formigueiros nas pernas ou de dores, sensação de picadelas ou sensação de coceira nesses membros que perduram durante um tempo, mais ou menos longo, e que só se aliviam muitas vezes apenas quando a pessoa movimenta as pernas para aliviar o desconforto mesmo quando já está deitado, embora pouco depois volte a sentir o mesmo e devido a isso custar-lhe adormecer.

Apesar de muito menos frequentes estas sensações, também podem aparecer em outras partes do corpo como, por exemplo, nos braços. A maior parte das vezes estes sintomas são mal compreendidos, como sinal de doença, pelo que não são reconhecidos como anormais, embora causem muito desconforto ao doente, assim como incómodo à pessoa com quem dorme, porque o exagero de movimento também se reflete em quem está deitado ao seu lado.

Se a doença não for identificada pode causar problemas no adormecer, causando um sono noturno insuficiente com a consequente fadiga diária diurna, perturbações de ansiedade e depressão, para além de eventuais problemas conjugais em relação com a transmissão da agitação das pernas quando o casal se vai deitar.

Os sintomas, muitas vezes, aparecem na juventude, embora duma maneira discreta, e vão aumentando ao longo dos anos de tal maneira que vão incomodando cada vez mais os doentes, daí a necessidade de pensarmos nesta doença precocemente e consultarmos um médico, para que seja estabelecida a confirmação do diagnóstico.

A doença não tem cura mas tem tratamento, na maior parte das vezes muito eficaz, quer com medicamentos quer com algumas medidas que podem ser aconselhadas, como o movimento ou exercício físico a programar conforme a hora de aparecimento dos sintomas, permitindo uma melhoria acentuada do estilo de vida dos portadores desta patologia.

A doença é mais frequente do que julgamos. Calcula-se que, em Portugal, haja cerca de 100000 pessoas com este padecimento, embora muitas vezes com sintomas muito insidiosos, leves e intermitentes, principalmente nas formas iniciais. A doença tanto pode aparecer nos homens como nas mulheres, embora haja uma prevalência maior nas mulheres.

Desde que diagnosticado e bem prescrito o seu tratamento correto, que de uma maneira geral, é bastante simples, consegue-se melhorar significativamente a qualidade de vida dos doentes.

Dr. Raimundo Martins (OM11008), Neurologista no Trofa Saúde Gaia

Tagssaúde