Valorização Profissional face a um perfil

Opinião de Diamantino Bártolo
0
359

Genericamente, como conceito geral, considera-se que: «(…) a formação permite aprender a saber, a fazer e a ser. No extremo das suas possibilidades, permite também aprender a aprender e esse é porventura o seu mais elevado desígnio, na medida em que assegura a prossecução dos restantes domínios da aprendizagem.» (CUNHA, et. al., 2010:384).

A valorização profissional, de qualquer trabalhador, é um dos fatores que o leva a sentir-se realizado na organização onde exerce a sua atividade. É claro que estar integrado numa instituição, que lhe permite progredir num sistema hierárquico vertical, com todo um conjunto de benefícios: remuneração, complementos, estatuto, poder e reconhecimento, são outras tantas razões para que um tal trabalhador se automotive para atingir a categoria máxima.

Na linha de pensamento que se vem desenvolvendo, também não se pode ignorar que: «O outro fator essencial em termos de crescimento, é o aperfeiçoamento profissional, um ponto que vem se tornando cada vez mais valorizado hoje em dia entre os funcionários de uma empresa. As pessoas prestam atenção crescente, no mercado de trabalho competitivo em que vivemos, à sua própria qualificação como profissionais.» (BERNARDI, 2003:36).

Hoje, (2024) e ao contrário do que muitos “dirigentes” e trabalhadores pensam, é fundamental que as instituições, qualquer que seja a sua natureza e de todas as áreas de atividade, elaborarem, executem, consolidem um Plano de Formação Profissional Contínua, que avaliem, objetivamente, os resultados alcançados, introduzindo, periódica e sistematicamente, todas as atualizações que se mostrem necessárias, em ordem a competirem com qualidade, inovação, diferenciação e tempo útil, considerando que: «A formação é um dos métodos mais eficazes de melhorar a produtividade dos indivíduos e de comunicar os objetivos organizacionais aos novos colaboradores.» (ARTHUR, et. al., 2003:234, in: CUNHA, et, al., 2010:392).

Entre outros, igualmente importantes e indispensáveis, o investimento que se deve fazer na melhoria dos recursos humanos, globalmente considerados necessários numa organização, também a própria pessoa, enquanto colaboradora de uma instituição, se deve preocupar com o seu próprio esmero e evolução, porque: «O ser humano que não se consegue desenvolver plenamente é vítima de um modelo educacional que renunciou aos fundamentos básicos da formação do cidadão, do profissional e da sua sensibilidade humana, tornando-se alguém capacitado apenas para a produção e o lucro. Formar o cidadão é dar-lhe a dimensão dos seus direitos e deveres em relação à sua família, ao seu trabalho, à sua comunidade e ao seu país.» (CARVALHO, 2007:104).

Quando se ignora a conveniência de fornecer ao trabalhador a formação profissional ajustada ao perfil das suas funções, também não se pode esquecer que: antes, durante e depois do trabalhador, existe sempre um ser humano, um cidadão com deveres e direitos, por isso é muito importante que os planos de Formação contemplem as dimensões: cívica, ética, moral, religiosa, interpessoal e tantas outras, para que o colaborador se sinta cada vez mais realizado, como pessoa, cidadão e funcionário, ou seja: integralmente formado.

Presentemente, e cada vez mais no futuro, a sociedade movimenta-se com uma velocidade estonteante, quando se confronta com a ciência, a tecnologia, a execução sempre evoluindo para o rigor e perfeição do saber-fazer, porque nada é estático, um dinamismo acelerado toma conta das pessoas e das organizações e, ainda, na medida em que: «A mudança é uma constante na vida (…). Uma das formas de lidar com a mesma é a educação e a formação. Para quem entra no mundo do trabalho, os desafios são inúmeros. (…) É por isso relevante que beneficie, por meios formais e informais, de processos de formação, que o capacitam para ser um membro verdadeiramente útil da organização.» (CUNHA, et. al., 2010:392).

Educação e formação são, portanto, dois carris muito importantes na vida de uma pessoa. Claro que há mais linhas, que vão conduzir a um mesmo destino que é a evolução, a satisfação, o bem-estar e a felicidade do ser humano (felicidade tomada no conceito que cada pessoa entender, desde que lhe confira tranquilidade pessoal, nas diferentes dimensões: física, psicológica, intelectual, princípios, valores, sentimentos e lhe proporcione os aspetos materiais necessários à vida confortável).

Esta preparação, afinal, é para se viver a vida serenamente, com tudo de bom que ela nos pode dar, porque: «Não temos de nos preocupar em viver longos anos, mas em vive-los satisfatoriamente; porque viver longo tempo depende do destino, viver satisfatoriamente depende da tua alma. A vida é longa quando é plena; e se faz plena quando a alma recuperou a posse do seu próprio bem e transferiu para si o domínio de si mesma.» (SÉNECA, 4 a.C. a 65, in: CARVALHO, 2007:102).

Bibliografia

BERNARDI, Maria Amália, (2003). A Melhor Empresa. Como as Organizações de Sucesso atraem e mantêm quem faz a diferença. Rio de Janeiro: Elsevier.

CARVALHO, Maria do Carmo Nacif de, (2007). Gestão de Pessoas. 2ª Reimpressão. Rio de Janeiro: SENAC Nacional

CUNHA, Miguel Pina, et. al., (2010). Manual de Gestão de Pessoas e do Capital Humano. 2ª Edição. Lisboa: Edições Sílabo, Ld.ª. 

ROMÃO, Cesar, (2000). Fábrica de Gente. Lições de vida e administração com capital humano. São Paulo: Mandarim.

“NÃO, ao ímpeto das armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente Honorário do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portuga