Cancelada a festa de S. Miguel das Flores a 8 de maio – Azevedo

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1606

Nos os fins do século V, quando na cadeira de São Pedro regia a Igreja o Papa São Gelásio, um pastor que apascentava uma manada de vacas no alto do Monte Gargano, na Itália, província da Apúlia, querendo obrigar um novilho a sair de uma Caverna onde se refugiara, desferiu lá dentro uma flecha, a qual retrocedeu com a mesma velocidade, vindo ferir quem a lançara. Este facto causou admiração nos que presenciaram este acontecimento e a notícia foi longe e chegou também aos ouvidos do Bispo de Siponto, cidade que ficava no sopé da montanha.

Julgou ele tratar-se de algum misterioso sinal da parte de Deus e ordenou um jejum de três dias em toda a diocese, pedindo ao Senhor se dignasse revelar-lhe do que se tratava. Deus escutou as orações do Prelado e, passados três dias, apareceu-lhe o Arcanjo São Miguel declarando-lhe que o Senhor queria que a ele, Anjo tutelar da Igreja, e aos outros Anjos, se edificasse naquela caverna, onde se manifestou o prodígio, uma igreja em sua honra, para reavivar a fé e a devoção dos fiéis no seu amor e proteção, como Anjo  custódio da Igreja Católica. 

Tendo o Bispo comunicado ao povo a visão que tivera e o que lhe fora pedido, foi ele próprio, com muita gente, observar o local. Encontraram uma caverna espaçosa em forma de templo, cavada na rocha, com uma fenda natural na abóbada, de onde jorrava a luz que a iluminava. Nada mais era preciso que pôr um altar-mor para celebrar os Divinos Mistérios. Levantado o altar, o Bispo consagrou-o. Todos os povos vizinhos acudiram para a cerimónia cheios de alegria e a festa durou vários dias.

Nunca mais até hoje se deixou de celebrar ali a Santa Missa, como também os outros ofícios litúrgicos, e Deus consagra este lugar através dos séculos, com graças e milagres de toda a espécie, em favor dos que lá acorrem, doentes de corpo e alma, mostrando quanto Lhe é grata a devoção em honra do glorioso arcanjo São Miguel que defendeu, quando da revolta de lúcifer, a fidelidade ao Deus Uno e Trino, soltando este grito: “Quem é como Deus?”

O Santuário do glorioso São Miguel Arcanjo na gruta do Monte Gargano, é considerado um dos mais célebres e devotos de todo o Mundo. A Igreja, para atestar este fato histórico, marcou para o Calendário Litúrgico Universal a Festa Comemorativa desta aparição, no dia 8 de maio. Esta festa foi obrigatória para toda a Igreja até à nova reforma litúrgica do Concílio Vaticano II.

Em muitos lugares e, de modo especial nos lugares onde a devoção a S. Miguel está mais arreigada, a celebração deste dia manteve-se. Assim acontece com Azevedo, que tem por Padroeiro o Arcanjo S. Miguel. O dia 8 de maio é dia de festa em honra do Padroeiro. Para distinguir de outras datas em que S. Miguel é lembrado, este dia é conhecido por “S. Miguel das Flores”, por ser vivido em plena primavera e em tempo do mês das flores!

No entanto, devido às condicionantes do tempo de pandemia que vivemos, esta festa, como tantas outras, está cancelada. O dia será assinalado com a celebração da Eucaristia pelo Pároco, como o tem feito diariamente em modo privado, assim como a oração do terço do rosário nos lares. Durante o “mês de Maria”, as famílias são convidadas à oração e meditação mais intensa do rosário.