Efeitos do ruído no sistema de comunicação Humana

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Conhece-se a Dimensão Persuasora do ato comunicativo, que assume importância fulcral em determinadas situações, designadamente no contexto negocial, no quadro do relacionamento empresarial, no âmbito político-partidário, nas instâncias religiosas, e nos grandes areópagos internacionais. Assim:

«a) Os indivíduos agem e comportam-se socialmente. Uma conduta individual toma as outras pessoas como objeto e, essas pessoas são interlocutoras e parceiras; essas pessoas respondem às ações do indivíduo considerado, todavia, as relações não são sempre desta forma;

b) É bem sabido que uma pessoa se deixa influenciar por outra nas suas crenças, sentimentos ou comportamentos, a partir das cinco bases do poder social, a saber: 1ª – Poder de Recompensa, que atribui capacidade de premiar; 2ª – Poder de Punição, que reconhece a possibilidade de castigar; 3ª – Poder de Referência, que se identifica com uma determinada pessoa; 4ª – Poder Legitimado, que reconhece o direito de controlar; 5ª – Poder de Competência, que crê que ela, a outra pessoa, lhe merece crédito e confiança;

c) À comunicação corresponde um determinado efeito social, já que dela resulta a modificação do comportamento ou da convicção do recetor, porque misturando elementos intencionais e devidamente calculados, com elementos espontâneos, e até certo ponto involuntários, a comunicação produz mudanças variadas nos comportamentos individuais e de grupo;

d) As cinco bases do Poder Social são características que, quando presentes no agente influenciador, lhe conferem capacidade para exercer predomínio sobre um sujeito-alvo, desde que este lhe reconheça, ou atribua e esteja mais ou menos recetivo a tal influência;

e) A maior ou menor influenciabilidade de uma pessoa tem, naturalmente, algo a ver com uma característica geral relacionada com a variável autonomia e/ou dependência, no entanto, deixar-se influenciar numa situação concreta, pode corresponder a motivações muito diferentes, porque o objetivo do sujeito pode ser apenas obter um determinado efeito social;

f) A primeira forma de interação humana a estudar é a comunicação que se poderá entender como sendo: «o mecanismo pelo qual as relações existem e se desenvolvem» ou, por outras palavras: «será o processo pelo qual se transmitem as significações entre pessoas»; (STOETZEL, 1976, in GIRÃO e GRÁCIO, 1996:168).

g) A comunicação não poderá pré-existir às relações entre os indivíduos, pois consiste em criar um estado de espírito comum entre aquele que comunica e aquele que recebe a comunicação, o que supõe relações anteriores. Reciprocamente, uma sociedade não funcionaria se não existisse a comunicação. Os homens, na verdade, não são máquinas e toda a interação humana subentende a mediação de ideias que são comunicadas; (Ibid.:168).

h) Pode-se, assim, extrair conclusões interessantes no quadro das relações interpessoais quotidianas, concretamente e a título de exemplo: a relação entre o professor e os alunos pode levar a pensar em que bases os alunos (sujeitos-alvo) atribuem poder ao professor (agente influenciador) e, certamente, reconhecer-lhe-ão poder de recompensa e poder de punição e, eventualmente, poder de competência.

Por sua vez, o professor poderá reconhecer ao aluno poder de recompensa e de punição, através da simpatia ou antipatia que o aluno demonstra.» (cf. GIRÃO e GRÁCIO, 1996: 147-172). Na verdade, toda a pessoa tem, em algum momento da sua vida, algum poder de influência e de persuasão, desde logo no seio da própria família, na atividade política, seja esta passiva ou ativa, no exercício da sua profissão ou, simplesmente, no associativismo.

«Os, habitualmente, denominados “mal-entendidos” resultam, a maior parte das vezes, das dificuldades de comunicação e do consequente relacionamento interpessoal. Existem obstáculos que tanto são da responsabilidade dos interlocutores como de situações não previstas que é necessário ultrapassar e, se possível, eliminar, sob pena da comunicação e o efeito pretendido serem completamente distorcidos. Obstáculos, barreiras, ruídos, ou quaisquer outras designações, que interferem, negativamente, nas relações interpessoais, constituem preocupações permanentes que os interlocutores devem ter em consideração.

Neste contexto, o conceito de ruído inclui toda a fonte de erros ou distorções num sistema de comunicação. As perturbações podem ter várias origens: a) a falta de atenção do receptor; b) a voz coberta por outros sons; c) a incorrecta pronúncia das palavras; d) a velocidade a que se fala na própria língua materna; e) distracções exteriores: fadiga, desconforto pessoal, ruídos diversos, demasiado conforto, mensagens indesejáveis; f) Interpretação e distorção num ambiente cultural e educacional de quem fala e, na mente do ouvinte, a linguagem pouco precisa de quem a usa, ideias preconcebidas, suposições sobre o que se ouve; g) barreiras pessoais, desde logo a partir de preconceitos, conversas e termos/vocábulos que desinteressam, irritam ou provocam um sentimento de não se querer ouvir; h) a má audição, por razões de interferência das barreiras enunciadas, pode provocar graves danos, como por exemplo: erros ortográficos, de construção e de sentido da frase, falha a encontros, entrevistas e outros compromissos, por não se ter ouvido e/ou compreendido a comunicação/convite que foi endereçado a um ouvinte/convidado;

Uma outra barreira à comunicação é o conhecimento inadequado do código – para que uma comunicação seja eficaz, é necessário que o código utilizado pelo emissor seja corretamente descodificado pelo recetor. Só desta forma é possível apreender o significado da mensagem.

A diferença de atitudes, valores, crenças e expectativas do emissor e do receptor constituem, também, um obstáculo à comunicação. As distintas concepções do mundo e da vida, originam mal-entendidos na comunicação: ouve-se o que os outros não dizem; os outros compreendem o que não se diz.» (AUTOR NÃO IDENTIFICADO, A Comunicação, s.d.: 264)

Bibliografia

AUTOR DESCONHECIDO, “A Comunicação”, s.d. 257-58), in: BÁRTOLO, Diamantino Lourenço Rodrigues de, (2012). UFCD-Relacionamento Interpessoal (Manual). Vila Nova de Cerveira: GABIGERH. LTDª

GIRÃO, José Manuel dos Santos; GRÁCIO, Rui Alexandre, (1996) Área de Integração, Vol. I, Ensino Profissional, Nível 3, Porto: Texto Editora, Ltda.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal