ENTREVISTA EXCLUSIVA DO JTM A LUÍS VILAS ESPINHEIRA

NATURAL DE LANHELAS, CAMINHA, LANÇA O SEU SEGUNDO LIVRO
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Luís Vilas Espinheiro é natural da freguesia de Lanhelas, Caminha, lançou agora o seu segundo livro, entitulado “A Madrasta”, e o Jornal Terra e Mar entrevistou o jovem escritor.

Quem é o Luís Vilas Espinheira?

LVE: O Luís Vilas Espinheira é um minhoto orgulhoso de 24 anos, licenciado em Linguística no Porto e com um curso de Televisão e Rádio que tirou em Lisboa. Cada acontecimento da vida num canto do país, cada um deles que ajudou a construir a pessoa que sou hoje. Não me considero uma pessoa séria, adoro brincar e divertir-me, rir-me e fazer rir e sobretudo estar rodeado de pessoas de quem gosto. Sou apaixonado pela nossa língua e, por isso, dou aulas de Português a crianças. Paralelamente, trabalho também numa discoteca. Ou seja, parece que misturo muitas realidades na minha pessoa e a minha vida é incrível por isso. Tenho tempo para tudo e para vários registos.

Quando e de que forma iniciou o processo de escrita?

LVE – Não existe um momento-chave. Sempre existiu. Eu sempre escrevi, desde que aprendi a fazê-lo. Sempre gostei muito de falar e de dar opinião. Quando surgiram as redes sociais, essa opinião era mais pública e aí tive de aprimorar as minhas técnicas de escrita, comecei a ler ainda mais e o entusiasmo crescia a cada momento. E como sempre gostei de ficção, fosse ela em livros ou filmes, era inevitável que começasse a escrever. No ano passado lancei o meu primeiro livro, o “Prenúncio de Morte”, que comecei a escrever com 19 anos. Este ano lanço “A Madrasta” que já estava escrito quando lancei o primeiro.

Como surgiu a inspiração para o livro “A Madrasta”?

LVE – Quando estava a acabar o primeiro livro, a ideia surgiu-me e comecei a escrever o final do primeiro e o início do segundo em paralelo para não me esquecer e a história fluir. Não sou de anotar coisas para mais tarde me lembrar. Ou estou a dar um passeio sozinho ou observo alguém interessante na rua, alguma atitude, algo que me desperte a ideia e ela simplesmente surge. Não dou muita importância ao berço da ideia. Mas mal surja, eu tenho de me sentar na cama com o computador nas pernas e começar a dar as teclas.

As personagens do livro são fictícias ou inspirou-se em pessoas reais?

LVE – Sempre fictícias. Como autor, dou mais importância a personagens cujas personalidades são construídas por mim de raiz. Inevitavelmente vamos buscar algumas características pessoais de quem se cruzou connosco na nossa vida ou até mesmo de personagens de histórias de que sempre gostámos. Mas eu gosto de criá-las de raiz, sem que se associe diretamente a alguém existente. 

O que diria aos potenciais leitores sobre este livro?

LVE – Acho que é uma história com personagens muito fortes, cada uma delas com uma personalidade e uma função diferente na história. É a história de Pia Galvão, uma mulher poderosíssima, que nasceu no seio de uma família rica, tornou-se uma estilista de sucesso e casou com Henrique Galvão, herdeiro da maior cadeia de hotéis do país. Pode dizer-se que ela tem dinheiro por todos os lados. Aparentemente forte e destemida, tem uma grande fraqueza: o amor. Mal enviuva, envolve-se com Lourenço Galvão, o filho do primeiro casamento do seu marido. Daí o nome “A Madrasta”, porque ela é claramente a protagonista e vive um romance polémico com o seu enteado. A família deles é grande e complexa e, por isso, paralelamente ao enredo central, muitos segredos se escondem, muitos ódios aumentam, muitas pessoas retornam e muitos amores perigosos surgem. No meio de tudo isto, há muita ironia, muitos momentos cómicos, muito glamour e cenas bastante ousadas.

Como foi o processo da escrita?

LVE – Mal a ideia surge, como já disse, eu tenho de ir a correr para casa, caso contrário, é como se uma vassoura a limpasse da minha cabeça. Não sou de tirar anotações nem de planear. A história simplesmente flui quando me ponho em frente ao computador e começo a teclar. É só preciso uma ideia de base e começar a criar personagens e enredo em torno dessa ideia. Mas não gosto de criar personagens só com aquela função explícita, gosto de dar a cada uma personalidade. 

Afeiçoo-me muito às personagens que crio. Acontece-me várias vezes criar uma personagem, afeiçoar-me tanto a ela e depois, por pena, não lhe dar um desfecho que tinha planeado inicialmente. 

Como escolheu o estilo?

LVE – O estilo não se escolhe, o estilo nasce com a ideia. Mas a realidade é que é o meu estilo preferido: o romance. É bastante flexível: posso misturar drama e comédia, fazer rir e fazer pensar, ao mesmo tempo criticar alguns comportamentos sociais que ache que deva criticar. A ficção é a minha praia. É livre como eu gosto de ser.

Quais os escritores que o inspiram?

LVE – Pergunta difícil e a resposta vai ser sempre ingrata. Tenho vários de que gosto. Inspirar é outra coisa. O meu estilo de escrita poderá estar mais próximo do da Agatha Christie no que diz respeito à forma. No conteúdo também há semelhanças: muito mistério, personagens irónicas e com um senso de humor incrível no meio do drama. No entanto ela é mais fria no desfecho que dá às personagens, não se afeiçoa tanto a elas, creio. Seria inevitável não falar da J. K. Rowling, a autora da saga Harry Potter. Li várias entrevistas dela e identifico-me com ela na forma como nos afeiçoamos às personagens. Ela chora e passa mesmo mal sempre que tem de “matar” algum. 

São apenas características em comum que tenho com elas, porque cada autor tem o seu estilo e as suas motivações. 

Escreve para si mesmo ou escreve para os leitores?

LVE – Quando escrevi o primeiro livro não foi com o intuito de ser publicado. Foi para mim, foi para me entreter. Surgiu a oportunidade de o publicar e, a partir daí, os que escrevi a seguir já tive o cuidado de escrever para os outros. O registo mudou ligeiramente, eu amadureci também. Agora preocupo-me em escolher temas polémicos que levem as pessoas a pensar e a tomar partido de personagens com as quais se identificam. E gosto que cada pessoa se identifique com uma personagem ou com a perspetiva de uma personagem. Não gosto de criar bonzinhos de quem toda a gente tem pena e vilões sem coração que todos odeiam. Gosto de criar perspetivas. E gosto que os leitores se identifiquem, à sua maneira, com uma perspetiva mais do que outra. 

O que o motiva como escritor?

LVE – Gosto de abrir mentes. Gosto que as pessoas se apercebam de certas estupidezes que as rodeiam e que se possam aperceber ao verem personagens minhas a cair em determinados erros ou a terem certas atitudes. Acho que a crítica social é importantíssima. O meu grande objetivo é abrir mentes e, claro, contar uma boa história, com nexo e com motivações fortes para que cada personagem tenha determinada personagem. E motiva-me muito imaginar a cara dos leitores quando leem a última página. Tenho a preocupação de tentar surpreender nos finais. 

Há algum livro para um futuro próximo?

LVE – O meu objetivo atual (o que não significa que não mude de ideias) é lançar um livro por ano. Como disse, antes de publicar o “Prenúncio de Morte”, “A Madrasta” já estava pronto. Há uma diferença entre escrevê-lo e publicá-lo. Publicados tenho dois, escritos tenho três e meio. Já acabei de escrever o terceiro e já vou a meio do quarto. Por acaso ando um pouco desleixado no que diz respeito a isso e não pego na escrita há algum tempo. Mas tenho tudo controlado. Espero para o ano estar aqui a mostrar a minha próxima obra com o entusiasmo com que mostro esta.

Os leitores podem segui-lo através de página ou redes sociais? Quais?

LVE – Podem seguir-me através da minha página do Facebook em http://www.facebook.com/luisvilasespinheira, ou no Instagram em http://www.instagram.com/luisvilasespinheira. Quando quiserem, mandem mensagens a dizerem-me quais as vossas personagens preferidas e se gostaram da história ou não.

Onde se pode comprar as tuas obras?

LVE – Elas estão ambas à venda na FNAC, na Bertrand e online em várias plataformas, basta procurarem por elas no Google que não faltará onde as comprar. No entanto, eu tenho cem exemplares desta nova obra para vender por minha conta e só gostava de as vender no dia em que fizer um lançamento a sério, com data ainda por anunciar. Mas, mal saiba, eu informo todos os leitores e, claro, informo o Jornal Terra e Mar.