Rastreios Oncológicos em Portugal
Atualmente, a incidência de cancro tem vindo a aumentar, tanto a nível nacional como mundial, sendo as doenças oncológicas a segunda principal causa de morte em Portugal. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de 40% de todos os cancros podem ser prevenidos, logo é fundamental compreender a importância dos rastreios oncológicos na deteção precoce dos cancros e na melhoria dos resultados de saúde.
Um rastreio consiste na realização de determinados exames para detetar uma doença ou uma lesão que possa vir a causar doença em indivíduos sem sintomas. Desta forma, o tratamento é iniciado o mais precocemente possível, levando à diminuição da taxa de mortalidade relativa a essas doenças. É importante perceber que, na presença de queixas ou sintomas, quando se pede um determinado exame, não se considera um rastreio, mas sim um teste diagnóstico.
Em Portugal, existe um programa consensual de rastreio oncológico para três tipos de cancro: rastreio do cancro da mama, rastreio do cancro do colo do útero e rastreio do cancro do cólon e reto. A evidência demonstra que a sua implementação adequada, proporciona uma redução das taxas de mortalidade na ordem dos 30%, 80% e 20%, respetivamente.
Em seguida apresentam-se algumas informações relevantes acerca de cada um desses rastreios.
Rastreio do cancro da mama
Quem? Mulheres com idades entre os 50 e os 69 anos;
Como? Mamografia;
Periocidade? A cada 2 anos;
Exclusão do rastreio: mulheres com diagnóstico anterior de cancro da mama ou que realizaram mastectomia (remoção da mama). Há também critérios de exclusão temporária, que devem ser cuidadosamente avaliados pelo médico;
Orientação: as mulheres são habitualmente convocadas via carta-convite para realizar o rastreio nas unidades móveis (também conhecidas como carrinhas) da Liga Portuguesa Contra o Cancro. Quando existe algum resultado alterado, as utentes são contactadas para repetição do exame nos “Centros de Aferição” ou para avaliação no Instituto Português de Oncologia.
Rastreio do Cancro Colorretal (Cancro do intestino)
Quem? Homens e mulheres com idades entre os 50 e os 74 anos;
Como? Pesquisa de sangue oculto nas fezes (consiste na colheita de fezes e, posteriormente, é avaliada a presença de sangue a nível laboratorial);
Periocidade? A cada 2 anos;
Exclusão do rastreio: utentes com diagnóstico anterior de cancro do intestino, doença inflamatória intestinal ou síndromes que aumentam a probabilidade deste cancro. No caso de pessoas com familiares que tiveram cancro do intestino, a situação deve ser avaliada e orientada pelo médico. Existem também critérios de exclusão temporários que devem ser avaliados pelo médico;
Orientação: a positividade do teste implica a realização de uma colonoscopia.
Rastreio do Cancro do Colo do Útero
Quem? Mulheres com idades entre os 25 e os 60 anos;
Como? Citologia (análise das células do colo do útero, também conhecido como Papanicolau) e pesquisa do Vírus do Papiloma Humano (HPV) através de colheita vaginal. Este vírus provoca lesões que podem evoluir para cancro do colo do útero, pelo que a sua deteção atempada permite o diagnóstico e tratamento precoces;
Periodicidade? A cada 5 anos;
Exclusão do rastreio: mulheres com diagnóstico anterior de cancro do colo do útero ou que realizaram histerectomia total (cirurgia de remoção do útero incluindo o colo do útero). Existem também critérios de exclusão temporários que devem ser avaliados pelo médico;
Orientação: quando o teste é positivo para os tipos de vírus mais agressivos, a utente é encaminhada para consulta hospitalar. Quando o teste é positivo para os vírus menos agressivos, pode ser encaminhada para essa consulta ou convocada para repetir a colheita mais cedo (após 1 ano) de acordo com o resultado da citologia.
A União Europeia prevê a implementação gradual de novos programas de rastreio, nomeadamente para o cancro do pulmão, cancro da próstata e cancro do estômago, reforçando a importância dos países membros considerarem a sua implementação em grupos específicos da população. Apesar do Orçamento de Estado português para 2024 incluir os projetos-piloto nestas áreas, a sua implementação ainda está pendente.
Agora que já conhece os rastreios oncológicos e qual a sua importância, verifique com o seu Médico de Família se estão atualizados.
Mantenha-se informado e proativo para viver com saúde –
a prevenção é a âncora para um futuro mais saudável.
Fontes:
https://www.ligacontracancro.pt/servicos/detalhe/url/programa-de-rastreio-de-cancro-da-mama/
https://www.sns24.gov.pt/tema/doencas-oncologicas/rastreios-oncologicos/
Acedido em agosto/2024.
Texto por Dra. Ana Figueiras,
Médica IFE Medicina Geral e Familiar