Juventude e Política

Opinião de Diamantino Bártolo
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A intervenção política, na preparação dos jovens, para a sociedade do futuro, mais tarde ou mais cedo, ela far-se-á sentir: seja pela passividade com que o jovem-cidadão vai recebendo a informação, sobre o sistema político, económico, educativo, social, cultural e outras vertentes; seja pela sua própria atividade profissional e cívica, que o conduz a participar na vida ativa da comunidade em que se integra.

Poderá ser neste contexto que a atração por uma força portadora, sob a influência de uma ideologia, consentânea com os valores que o jovem defende e consonantes com os Direitos, Liberdades e Garantias, que o levem a decidir participar na vida pública. Neste ponto, várias instituições, desde logo as forças políticas, podem (e devem) prepará-lo para uma colaboração eficaz.

Valorizar as capacidades dos jovens, a sua criatividade e colocá-las ao serviço dos seus próprios interesses, bem como da comunidade, poderá, também, ser uma das funções de outras instituições, nestas se incluindo as Autarquias Locais, sob a coordenação das Câmaras Municipais.

Igualmente, criar um conjunto de novas oportunidades, em vários domínios, complementando as que a nível governamental já foram (ou vão ser) lançadas, constitui uma política que, certamente, beneficiará os jovens, revelando uma estratégia para o futuro, e contribuindo para: uma sociedade mais humana, generosa e tolerante; criativa e produtiva; que resulta, justamente, de faculdades idênticas, latentes nos jovens.

Com tal desiderato, as Câmaras Municipais, na sua política para a juventude, podem rentabilizar todo o potencial da mocidade, conjugando as sinergias desta com a experiência dos próprios funcionários autárquicos, estabelecendo parcerias com as associações de jovens, de estudantes e outras instituições próprias da juventude, obviamente, com o apoio técnico e financeiro dos departamentos da Administração Central para este estrato da população.

Colocar os jovens, por exemplo, nos seus tempos livres, a realizarem trabalhos diversos nas freguesias, aqui com o apoio das respetivas Juntas, nomeadamente, atualizar estudos sobre situações sociais, de indivíduos e famílias, sobre o património arquitetónico, gastronómico, cultural, aqui se incluindo usos, costumes, tradições, a história da aldeia (monografias), organizar os arquivos das próprias Juntas de Freguesias, das Comissões Fabriqueiras, apoiar em diversas atividades as associações e coletividades locais.

Na organização político-administrativa da Câmara, a inclusão de um Pelouro, ou pelo menos um Gabinete para os assuntos da juventude, será o mínimo que se pode fazer, porque para além dos direitos, e correlativos deveres, que assistem aos jovens, não se pode ignorar a importância crescente que eles têm, na medida em que constituem, já não só em potência, mas principalmente em ato, o capital humano mais valioso que a sociedade dispõe para o futuro, para além do total respeito que lhes é devido, enquanto pessoas humanas com dignidade.

Recordar os jovens, apenas em determinados períodos cíclicos da vida político-partidária, dos responsáveis pela governação, é negar as capacidades, os deveres, os direitos e os valores que caraterizam a juventude, destes inícios de século e de milénio.

Pela: generosidade, voluntarismo, irreverência educada, faculdades intelectuais e axiológicas, pela criatividade e dinamismo, da mocidade, devem também as Autarquias Locais criar novas oportunidades para a juventude. Consignar aos jovens a responsabilidade por uma sociedade melhor, será um orgulho para eles, a prova de que a atual população, dirigente e adulta, confia neles e nas suas capacidades.

Atualmente, terceira década deste novo século XXI, pode-se afirmar que nunca nenhuma geração esteve tão bem preparada como as dos nossos dias, por isso, deixar “fugir” estes talentos brilhantes, é defraudar a legítima ambição de quererem trabalhar no seu próprio país, como ainda defraudar o património nacional.