NUCEARTES – MENSAGEM DE NATAL

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Nunca como hoje se falou tanto sobre as questões ambientais. O aquecimento global, os gases com efeito de estufa, a desflorestação da Amazónia e em África, a exploração desenfreada de recursos naturais, o uso incontrolável de plásticos e combustíveis fosseis, são alguns dos títulos que nos invadem o quotidiano.

Os indicadores que dispomos colocam Portugal no bom caminho, ao contrário de outros países como o Brasil, os EUA ou a Rússia, onde políticas negacionistas tem prevalência no poder (democraticamente eleito, pasme-se!).

Mas também é muito fácil culpar os agentes políticos por estas situações. E nós, cidadão comum, estamos dispostos a mudar o nosso paradigma de vida, que é o crescimento, sempre mais e mais? A culpa é só dos Trumps e Bolsonaros deste mundo? Quantas viagens fizemos a mais? Quantos objectos desnecessários compramos para estarmos na vanguarda tecnológica? Em quanto desperdício de comida colaboramos?

No entanto, Portugal é continuamente assolado por interesses económicos que fazem tábua rasa do mais elementar bom senso ambiental. Vejam-se os casos do aeroporto do Montijo, da contínua pressão imobiliária sobre o sudoeste alentejano ou o processo da exploração do lítio, cheio de opacidades, mentiras e imprecisões intencionais.

Se a exploração de lítio no sítio da Serra d’Arga parece ter entrado numa fase de recuo, fruto da oposição popular, isso não dá garantia nenhuma e por certo que voltarão à carga mais tarde ou mais cedo.

A Serra d’Arga reúne todas as condições para ser uma área protegida envolvida pelas bacias hidrográficas dos rios Minho, Coura, Lima e Âncora, com núcleos populacionais estáveis e muito antigos, com uma biodiversidade de elevado valor e com capacidades de gerar desenvolvimento e fixar população, através da fileira agro turística.

As preocupações do NUCEARTES, não se prendem apenas com os grandes temas da actualidade, mas também com realidades à escala local.

Vila Praia de Âncora conviveu durante dúzias de anos com um exploração de pedra no Lugar da Póvoa, que entrou em processo de falência há meia dúzia de anos, deixando máquinas, equipamentos e consequências para quem vier, sem qualquer tipo de compensação para os moradores, sem qualquer tipo de solução minimizadora ou mitigadora das consequências ao nível dos resíduos, da condução das águas do monte e da paisagem irremediavelmente estragada.

A Quinta da Barrosa que foi alvo de uma pequena intervenção ao nível do muro exterior e da retirada de um equipamento radical, ficou mesmo assim, continuando a vontade política a fazer vista grossa a este monumento nacional classificado (Dólmen da Barrosa).

A Mata Nacional da Gelfa, a protecção da Duna dos Caldeirões, a ponte ferroviária Eiffel e a recuperação do Forte do Cão saíram definitivamente das agendas dos políticos locais, sempre tão céleres e prestáveis frente aos microfones e tão esquecidos quando se trata da cultura e do património local.

A Direcção do NUCEARTES deseja a todos um Feliz Natal e Bom Ano 2020